
Cotidianos Escolares e Dinâmicas Metropolitanas da Capital do Brasil
equipe
Elane Ribeiro Peixoto (coord.)
Adriana Mara Vaz de Oliveira
Maria Fernanda Derntl
Antonádia Monteiro Borges
Cristina Patriota de Moura
Alexandre Jackson Chan Vianna
Alana Waldvogel
Julia Mazzutti Bastian Solé
financiamento
FAP-DF
publicações
livro | Cotidianos Escolares (no prelo)
livro | Um Rolê pela CEI (2020)

A pesquisa “Cotidianos Escolares e Dinâmicas Metropolitanas da capital do Brasil”, com
financiamento da FAP-DF, tem sido desenvolvida por membros de dois laboratórios de pesquisa da Universidade de Brasília. O LABEURBE (Laboratório de Estudos da Urbe) e o LAVIVER (Laboratório de Vivências e Reflexões Antropológicas: Direitos, Políticas e Estilos de Vida), respectivamente vinculados à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e ao Departamento de Antropologia. LABEURBE e LAVIVER estabeleceram uma colaboração visando a compreender os cotidianos de moradores de diferentes regiões administrativas do DF e os significados desses cotidianos para a configuração metropolitana da Capital Federal. Almejamos, com as trocas iniciadas por meio dessa parceria, alcançar nossos temas de pesquisa de forma mais abrangente, articulando o espaço construído ao espaço vivenciado pelos sujeitos, cujas relações configuram a composição urbana singular de Brasília em seu sentido mais amplo. Concorrendo para esta intenção, combinamos abordagens da antropologia urbana e do urbanismo, sob diversas perspectivas, com foco tanto no tempo presente quanto nos desdobramentos das transformações ocorridas na breve história urbana de Brasília.
Os movimentos entre o Plano Piloto e as diferentes regiões administrativas do DF ou municípios limítrofes de Goiás (e vice-versa), assim como o estudo de localidades que concentram e servem de âncora a atividades e práticas específicas, foram opções feitas para que pudéssemos analisar certas dinâmicas que perfazem a vida em escala metropolitana: envolvendo os fluxos, os trânsitos e os pontos de ancoragem desses movimentos. Guiados por este entendimento, decidimos por tomar as escolas de ensino fundamental, como os lugares-âncora de nossa pesquisa. As escolas articulam grupos sociais variados: são professores, funcionários, pais e estudantes a estabelecer os mais diferentes vínculos com a metrópole. Na chamada "comunidade escolar", o deslocar-se da casa para a escola envolve modalidades distintas de movimentos, compreendendo o caminhar por alguns minutos, o uso de transporte público durante longos ou curtos períodos de tempo ou, ainda, o uso dos carros particulares, que cruzam o espaço urbano com a incrível velocidade de 80km por hora. Cada uma destas modalidades de movimento resulta em tempos e relações espaciais desiguais com a cidade.
Nossas primeiras atividades de pesquisa, portanto, buscavam evidências que nos auxiliassem a responder às questões formuladas inicialmente: Como definir e entender as dinâmicas da Brasília metropolitana? Que vivências são possíveis entre os fluxos e os suportes espaciais de nossas práticas cotidianas? Que relações afetivas e simbólicas construímos com esta cidade?
Duas equipes se formaram para os estudos de campo, que decidimos por realizar a partir de colaboração com atividades desenvolvidas em dois Centros de Ensino Fundamental, um no Plano Piloto- Asa Sul (CEF2) e o outro, em Ceilândia – Setor Guariroba (CEF19). As escolhas justificam-se por ser o Plano Piloto a referência para o sistema de educação implantado no Distrito Federal, com reverberação decisiva na modulação do espaço, e Ceilândia, cujo plano urbanístico inspira-se no de Lucio Costa, sendo atualmente a maior cidade-satélite da metrópole.
A integração das equipes de trabalho nas escolas-âncoras da pesquisa se deu, em ambos os casos, por meio da disciplina de Artes. A colaboração consolidou-se a partir do tema “cidade e seu patrimônio cultural”, a partir do qual oficinas foram organizadas para que pudéssemos discutir com os participantes suas percepções da cidade.
Durante as oficinas realizadas em ambas as escolas, buscou-se, na medida do possível, apresentar alguns conceitos do urbanismo modernista, com a construção de maquetes, passeios, visitas aos bens culturais do Plano Piloto e de Ceilândia. Os passeios foram os mais apreciados pelos estudantes de ambas as escolas, sempre acolhidos com entusiasmo e como aventura, para alguns, pois significavam oportunidades raras de percorrer a cidade e de escape de agruras da rotina escolar. A produção de diários sobre os deslocamentos de casa para escola, assim como a produção de textos sobre as moradias nos deram, no caso de Ceilândia, acesso às formas de vida e de organização do grupo familiar dos estudantes. No caso da escola da 107 Sul, desenhos e fotografias foram mais eficazes na produção de narrativas que possibilitassem alcançar as percepções dos meninos e meninas. Enfim, as oficinas e os passeios foram momentos privilegiados para a observação etnográfica, elas propiciaram a intersubjetividade, nos aproximando do entendimento da cidade para além de seu espaço fragmentado, para nela reconhecer as diferentes vivências, os laços afetivos construídos ou não por seus jovens moradores.
Os resultados parciais da pesquisa “Cotidianos Escolares e Dinâmicas Metropolitanas” serão apresentados no livro “Cotidianos, Escolas e Patrimônio: Percepções antropo-urbanísticas da Capital do Brasil”, atualmente no prelo.